Economia Circular: Desafios e Oportunidades para 2024

Thais Vojvodic

Plastics Initiative Programme Manager da Fundação Ellen MacArthur

Em 2016, o mundo foi surpreendido com a ideia de um futuro em que pode haver mais plástico do que peixes nos oceanos. Naquela época, a verdadeira dimensão e as implicações dos resíduos e da poluição por plásticos não eram totalmente compreendidas, e era difícil identificar soluções que poderiam atender à escala do problema.  

Desde então, devido ao crescimento exponencial e contínuo da produção de plásticos, a situação piorou em muitos aspectos. Atualmente, há mais plásticos de uso único no planeta do que nunca.  

Desde 2016, uma outra história paralela teve início – a de um rápido aumento da ação, em um ritmo sem precedentes. Em menos de uma década, a poluição por plásticos evoluiu de um tema marginal para um debate fervoroso nas salas de reuniões das empresas e nas capitais de todo o mundo. Bilhões de dólares foram mobilizados, centenas de empresas estão lidando com a questão e um tratado internacional juridicamente vinculante sobre a poluição plástica está em processo de negociação. 

Lançado em outubro de 2018 pela Fundação Ellen MacArthur, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o Compromisso Global une empresas, governos, ONGs e investidores em torno de uma visão comum de uma economia circular na qual eliminamos o plástico de que não precisamos; inovamos em direção a novos materiais e modelos de negócios; e circulamos todo o plástico que ainda usamos, para mantê-lo na economia e fora do meio ambiente. O movimento também deu origem a 13 Pactos do Plástico nacionais e regionais. 

Ao longo dos últimos cinco anos, as empresas signatárias superaram seus pares no combate aos resíduos de plástico, mostrando que o esforço conjunto pode desencadear mudanças significativas. Juntos, os signatários reduziram o uso de diversos itens plásticos considerados problemáticos ou desnecessários; estabilizaram o uso de plásticos virgens e mais do que dobraram sua parcela de conteúdo reciclado. 

O ano agora é 2024 e apesar dos avanços, o mundo não está no caminho certo para eliminar os resíduos e a poluição por plásticos. Da mesma forma que é importante reconhecer o progresso alcançado até aqui, é necessário reconhecer que signatários de ambas as iniciativas provavelmente não cumprirão todas as metas estabelecidas para 2025.  

Em um mundo ainda inundado de resíduos plásticos e poluição, é imperativo aprender com os avanços obtidos até aqui e com o que ainda é preciso fazer, para que, assim, possamos avançar em um ritmo mais acelerado. Os aprendizados obtidos até o momento reforçam a necessidade de mais medidas regulatórias obrigatórias e ambiciosas, bem como de ações empresariais voluntárias em um ritmo mais ágil. O Tratado é uma oportunidade única para fazer isso e acelerar a mudança em escala global. É a melhor perspectiva para um impacto mundial rápido e sistêmico, pois pode garantir que todos os países ajam em conjunto para promover soluções de economia circular em busca de acabar com a poluição por plásticos. Em paralelo, os governos também devem acelerar a implementação de regulamentações eficazes em suas próprias jurisdições. Ações voluntárias por parte das empresas complementam a mudança política de longo prazo e continuam sendo vitais para acelerar o progresso.  

Os últimos cinco anos provaram que empresas comprometidas podem fazer uma diferença significativa – e que a maior parte das empresas pode fazer mais do que faz hoje. As empresas que tomarem a iniciativa colherão os frutos desse pioneirismo e estarão mais bem preparadas para as obrigações por vir.