Economia Circular: Estratégia Colaborativa
Patrícia Carvalho,
Coordenadora do Pacto Português para os Plásticos
- AGOSTO 2024
As iniciativas colaborativas têm um papel fundamental na Economia Circular. Para fazer a transição de uma Economia Linear para a Economia Circular é necessário que todos os atores da cadeia de valor se alinhem e trabalhem de forma colaborativa.
A capacidade de uma cadeia de valor se alinhar para, em conjunto, procurar soluções para um problema é uma força muito poderosa.
Se recuarmos alguns anos, poucos eram os movimentos colaborativos existentes que juntavam as cadeias de valor e outros atores da sociedade para dar resposta a problemas concretos ligados ao ambiente e à sustentabilidade.
Em Portugal, a forte ambição de promover a economia circular, neste caso para os plásticos, juntou toda a cadeia de valor com uma visão muito clara – Uma economia circular para os Plásticos em Portugal, onde estes nunca se convertem em resíduos ou poluição.
O Pacto Português para os Plásticos é o exemplo de uma iniciativa colaborativa, em que toda a cadeia de valor se organiza em torno de uma visão e de metas bem definidas, comuns.
Esta é uma plataforma de colaboração inédita, que junta diferentes atores da cadeia de valor nacional dos plásticos: Governo, produtores, retalhistas, entidades de reciclagem, universidades, municípios, ONG, associações e outros.
A Iniciativa faz parte de uma rede mais vasta, com 12 Pactos para os Plásticos, presentes nos 5 continentes, organizada atualmente pela Fundação Ellen MacArthur e pela WRAP, e conta com mais de 900 membros, de ONG, a empresas e organizações publicas.
Também aqui, de uma forma global e colaborativa, se procuram soluções para as metas definidas. As metas são transversais a todos os Pactos e passam pela eliminação dos plásticos de uso único problemáticos e/ou desnecessários, garantir que os plásticos são reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis, que se aumenta a quantidade de plástico efetivamente reciclado e que se aumenta a incorporação de plástico reciclado nas embalagens. O Pacto Português para os Plásticos acrescentou ainda a meta da sensibilização e educação dos consumidores para uma utilização circular dos plásticos.
Os resultados da Rede de Pactos Global já são muito relevantes, demostrando a sua eficácia na criação de mudanças substanciais ao nível da redução, reutilização, reciclagem e incorporação de Plásticos.
É, no entanto, a nível local, que a ação acontece, e em Portugal é o Pacto Português para os Plásticos com os seus Membros que promove e constrói uma economia circular para os plásticos.
O conhecimento e experiência de todos os membros é fundamental na concretização das metas definidas no início da Iniciativa. Mas as grandes mais-valias deste tipo de iniciativas são a partilha, o trabalho conjunto e a colaboração.
A criação de documentos estratégicos, como o Roadmap, também ele elaborado de forma colaborativa, orienta as ações que devem levar ao cumprimento da visão e da concretização das metas.
Numa iniciativa colaborativa a participação de todos é fundamental, sendo necessário a criação de estruturas organizadas de trabalho onde todos podem participar e contribuir com o seu saber, mas também aprender e, sobretudo, ter uma visão global da cadeia de valor.
No caso do Pacto Português para os Plásticos, existem vários grupos de trabalho com temáticas ligas às Metas e task-forces para temas mais específicos. A participação dos membros, representantes de toda a cadeia de valor é uma mais-valia, pois permite acrescentar conhecimento, o que de forma isolada não seria possível. Existem também as comissões científica e consultiva, fundamentais no apoio e validação dos elementos produzidos, envolvendo também a academia e as associações setoriais.
Com uma visão clara, metas definidas, uma estrutura organizada e toda a cadeia de valor alinhada e a trabalhar de forma colaborativa, é possível fazer a transição de uma economia linear para uma economia circular.
A colaboração potencia a mudança sistémica e concertada para uma economia circular.